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17 mai 2008 6 17 /05 /mai /2008 21:51

 

Penso em Theodor Adorno e na sua posição de uma prática de não-violência. Em 1969, ele afirmou em entrevista, na revista alemã Der Spiegel: embora eu tivesse elaborado um modelo teórico, não poderia ter imaginado que as pessoas quisessem realizá-lo com bombas. Seus escritos não trazem nenhum modelo para quaisquer ações.

Exercer a crítica não é dizer como devemos fazer melhor as coisas. No entanto, é uma forma de se opor. Mas, não será também a teoria uma forma genuína da prática? A teoria, em virtude da sua própria objetividade, pode ter muito mais conseqüências práticas do que se for submetida de antemão à prática. Aliás, a reflexão que compartilho com Adorno aponta para o caráter ilusório das propostas dos estudantes, em 1968, baseadas somente em um ativismo – uma espécie infeliz de junção da teoria com a prática –, muitas vezes, destrutivo e com poucos efeitos.     

Certa vez, Adorno disse que a teoria crítica quer erguer a pedra sob a qual incuba o monstro. Entretanto, erguer a pedra é bem diferente de jogar pedras! O desespero é sempre o que move as pessoas, já que elas sentem que têm pouca força para modificar a sociedade.

E é claro que a posição de Adorno admite exceções. Quando estamos diante de um fascismo real, só se pode reagir com violência. Contudo, o filósofo se nega a seguir aqueles que, após o assassinato de incontáveis milhões nos estados totalitários, ainda preconizem a violência.

A reflexão de Adorno está calcada em 20 anos de trabalho crítico em relação à sociedade, às indústrias culturais e aos sistemas totalitários, além de outros temas como a estética e a literatura. Ele mesmo diz que teria que renegar toda a sua vida se não se recusasse a participar do eterno círculo de violência contra violência. 

 

 

 

 

 

17 de maio de 2008.

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